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Homenagens a Jango fortalecem democracia brasileira, afirma Dilma

Em Brasília

14/11/2013 15h46

A recepção nesta quinta-feira (14) em Brasília dos restos mortais do ex-presidente brasileiro João Goulart com honras militares fúnebres próprias para um chefe de Estado fortalece a democracia do país, disse a presidente Dilma Rousseff.

"Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico", postou a presidente em sua conta no Twitter.

A governante se referiu à homenagem na Base Aérea de Brasília, onde os restos mortais foram recebidos hoje após sua exumação na véspera no cemitério municipal de São Borja em um procedimento para tentar estabelecer se o ex-chefe de Estado foi vítima da Operação Condor.

Goulart, derrubado pelo golpe militar de 1964, morreu no exílio na Argentina em 1976 e seu corpo foi repatriado e sepultado sem homenagens em São Borja, sua cidade natal, por determinação do regime militar que ainda governava o país.

As honras militares desta quinta-feira em cerimônia que também contou com a participação dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva tem por objetivo reparar o fato de que Goulart era até agora o único presidente brasileiro sepultado sem essa homenagem.


"Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória", afirmou Dilma, que disse estar vivendo "um dia de encontro do Brasil com sua história".

A presidente lembrou que Goulart foi o único chefe de Estado do Brasil "a morrer no exílio" e o Blog da Presidência acrescentou que "não contou com esse ritual concedido aos chefes da Nação".

Dilma também destacou que o ex-presidente morreu "em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais".

A exumação foi justamente ordenada pela justiça para a realização de exames que permitam estabelecer se Goulart morreu de um ataque cardíaco, como foi informado há 37 anos, ou se foi envenenado pela Operação Condor.



Jango, considerado um líder progressista simpatizante das esquerdas dos anos 60, morreu em dezembro de 1976 em um hotel da cidade argentina de Mercedes supostamente vítima de um ataque cardíaco, segundo um certificado de óbito expedido sem a respectiva autópsia.

Essa versão foi desmentida há cinco anos por um ex-membro do serviço secreto uruguaio, que afirmou que Goulart foi envenenado por agentes de vários países durante a Operação Condor.

Outros testemunhos de ex-agentes de órgãos de inteligência de países da região também sustentam a hipótese de que Jango foi envenenado como parte do plano coordenado pelos regimes militares do Cone Sul nos anos 70 e 80 para eliminar opositores.

Esses depoimentos e um pedido da família, que sempre suspeitou do envenenamento, obrigaram à Procuradoria Geral da República a abrir uma investigação em 2007 para determinar as causas da morte e solicitar a exumação do cadáver.